TÔ FORA! : DESTACA NENA CABRAL
Tanto a questão de Henrique Pizzolato quanto a fuga
de médicos cubanos são assuntos que têm uma dimensão internacional. Mas, como
não participou de nenhum dos dois na origem, o Itamaraty agora lava as mãos no
desenrolar (ou no enrolar) das coisas.
Quando o governo Lula começou a discutir o caso do
italiano Battisti, condenado à prisão perpétua por assassinato no país dele, o
Itamaraty votou no Conare (o comitê para refugiados) contra o asilo –ou a favor
da extradição. Mas, como a história registra, o governo Lula deu mil e uma
voltas, mil e um jeitinhos, até manter o cara aqui, livre, leve e solto.
Agora, quando a situação se inverte e o fujão
Pizzolato está na Itália, é o Itamaraty que não quer mais saber dessa história.
Quem deu asilo a Battisti que se vire com Pizzolato, ou "quem pariu Mateus
que o embale".
Quando –e se– o Ministério da Justiça, a
Procuradoria e, de raspão, o Supremo tomarem providências para pedir a
extradição, um diplomata bem vestido, bem penteado, poliglota e cheio de cursos
vai colocar a correspondência num envelope bacana para entregar na Embaixada da
Itália em Brasília. E lavar as mãos.
O mesmo vale para a evasão de médicos cubanos.
Quando o governo decidiu trazer milhares deles (já são cerca de 7.400
inscritos), todas as tratativas foram feitas pelo Planalto, pelo Ministério da
Saúde, pela assessoria internacional da Presidência, mesmo criando doutores de primeira
e de segunda classe no Mais Médicos, menina dos olhos de Dilma e das campanhas
petistas.
Agora, quando cubanos começam a desertar e não dá
para mandá-los de volta pelas asas da Venezuela, como ocorreu com os boxeadores
no governo Lula, o que o Itamaraty pode fazer? Nem pode exigir que os irmãos
Castro deem um jeito nos insubordinados nem pode impedir os EUA de concederem
vistos.
Logo, essas duas questões internacionais não são
para o Itamaraty, são para a diplomacia partidária.
Fonte: Folha de S.Paulo
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